Sunday 28 July 2013
O Nome de Deus
O nome de Deus (a sua pretensa identidade) é o designativo de uma força
suprema que só é suprema face à nossa pequenez e fragilidade. Deus apenas é concebível na medida em que nós, seres humanos,
somos pequenos e frágeis. Assim sendo, é relativa a sua supremacia: não
conhecidamente absoluta, porque não absolutamente conhecida. Há esta
força maior que da Natureza projectamos àquilo a que chamamos
Existência, pela qual só poderei sentir admiração, como perante imane
objecto de arte, e nunca temor moral, apenas mortal; ou seja, o único
temor só se pode dever à minha finitude enquanto existência particular
consciente de si, de que vive e existe e não quer o fim.
Do Desejo de Amor
O desejo de amor nasce de dois problemas do ego: a falta
de auto-estima, por um lado, e o sentimento de fragilidade por outro. A
falta de auto-estima pode bem dever-se, num plano mais leve, aqui, não
necessariamente traumático, ao mau aproveitamento que damos à nossa
pessoa enquanto potencialidade, dirigindo, ao invés, todo o
reconhecimento, de forma imérita, para o outro (adulação), enquanto
descuramos o sentido de dever pessoal, isto é, para com o indivíduo que
somos. O sentimento de fragilidade, por sua vez, deve-se, sem dúvida, à
consciência ou simples intuição que temos da nossa pequenez face à
Existência imane que nos circunda.
A urgência desse amor ― ser amado e amar ― não é senão, a maior parte das vezes, o reflexo da desacreditação do ser por si mesmo, de uma falta de auto-investimento, quando só nos acreditando pessoalmente poderemos amar melhor e melhor sermos amados. Não poderia amar ninguém cujo atributo fosse tão-só o querer ser amado. É bem mais saudável amar uma pessoa que fundamentadamente se estime por si só.
A urgência desse amor ― ser amado e amar ― não é senão, a maior parte das vezes, o reflexo da desacreditação do ser por si mesmo, de uma falta de auto-investimento, quando só nos acreditando pessoalmente poderemos amar melhor e melhor sermos amados. Não poderia amar ninguém cujo atributo fosse tão-só o querer ser amado. É bem mais saudável amar uma pessoa que fundamentadamente se estime por si só.
Quanto ao sentimento de fragilidade pela nossa pequenez ressentido, há uma só palavra: aceitá-lo. A Existência é e nós somos. Ponto.
Concluo
assim que o amor pode ser um instrumento útil, verdadeiro, se tido
neste equilíbrio. O que raramente acontece. Normalmente, há uma
necessidade captativa pelo outro. Mas ninguém vem salvar ninguém. Salva-te a ti próprio.
Dos Cordeiros do Rebanho
Quanto maior for o número de crentes, mais credível
será o objecto acreditado. A força daquilo em que se acredita tem mais
que ver com o número de crentes do que com a pressuposta qualidade do
objecto de crença. Pratica-se o mimetismo (o que talvez se deva tanto à
preguiça de cada um como às subtis eminências pardas que a alimentam).
Pelo contrário, é norma ser sempre ínfimo o número que tende para a
verdadeira qualidade, ou não houvesse, por exemplo, uma maioria religiosa, ou uma maioria de leitores de best-sellers. Será sempre inferior o número daqueles com capacidade de tresmalhar.
O Amor como Projecção ou Do Desprezo de Si
O amor perfectivo que os seres humanos buscam não valerá, por
si só, a qualidade com que o sonham ― a de que aperfeiçoa. Pode ajudar,
mas ainda só ajudará se for encarado como uma coisa imanente no homem, e
não como uma ilusória espera, mais uma vez sobrenatural, de que vem ―
qual asseidade ― salvar. O amor de nada servirá se não tiver, a priori, a sua origem no Eu. Como tudo na Natureza. Sem a destreza do Eu a organizar conscientemente o seu
lugar no mundo, de nada nos valerá o que quer que seja. Se
continuarmos a depositar as nossas ideias das coisas em
projecções, nos outros ou num além qualquer, nunca nos poderemos ser,
nunca nos poderemos valer, quando somos nós apenas quem o poderá.
Todo o desejo de, toda a vontade salvífica começa e acaba em nós. De resto, há só a espera desinteligente. Não há outro móbil perfectivo senão o próprio sujeito.
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